18.6.09

Teatrinho

Nos idos de 1991, na escola municipal Conde Pereira Carneiro, em São Paulo, estava eu na sétima série do ensino fundamental e uma dos trabalhos de Educação Artística era montar uma peça de teatro.

Nosso grupo era formado por 7 alunos: 5 meninas e 2 meninos. Eu fui o responsável por escrever a peça, que deveria ser encenada em até 15 minutos.

Infelizmente, o texto original se perdeu. Talvez até esteja guardado em alguma caixa de papelão empoeirada no sótão da casa do meu pai, pois minha mãe sempre foi de guardar essas velharias, mas como não pretendo procurar o original farei o possível pra reproduzi-lo com a maior fidelidade que minha memória permite:


Título: Julieu e Rometa em: O sequestro da princesa Penélope por Ali Babaca

Personagens:
Princesa Penélope
Amada
Julieu
Rometa
Ali Babaca
Severina

Época: Em algum "lugar" do passado
Local: Um reino. Há muito "tempo"

PRIMEIRO ATO

(Abrem-se as cortinas e estão em cena a Princesa Penélope e sua criada, Amada, conversando durante a festa de 15 anos da princesa. Suas vozes não são ouvidas. Ouve-se uma leve música de fundo e a voz do narrador.)

CENA I

Narrador: No Reino Rosado, havia uma princesa muito bela. Seu nome era Penélope, filha única do rei. Era dia do seu aniversário de 15 anos. A festa estava muito animada e todos estavam felizes, mas havia um bandido com planos para estragar a festa...

CENA II

(Ali Babaca entra em cena a passos largos, na ponta dos pés, caminha até a princesa, cobre sua boca com uma das mãos, agarra sua cintura com a outra mão e a arrasta para fora do palco.)

Narrador: É Ali Babaca, o terrível ladrão! Ali Babaca seqüestra a Princesa e foge com ela do palácio.

(Ali Babaca e Princesa Penélope saem de cena.)

Amada: Oh não! A princesa foi seqüestrada! E agora, quem poderá nos defender? (breve pausa enquanto olha pra platéia com um sorriso irônico) Já sei! (empolgada) vou pedir ajuda ao valente Julieu. (Sai de cena correndo, enquanto as cortinas são fechadas)

SEGUNDO ATO

(Abrem-se as cortinas e estão em cena Rometa no alto de uma escada (servindo de “torre”) e Julieu próximo a escada com um dos joelhos no chão e a outra perna dobrada num ângulo de 90 graus, com a planta do pé no chão. Ambos fazem caras e trejeitos de tímidos apaixonados.)

CENA I

Jilueu: Ó Rometa...

Rometa: (Breve pausa) Ó Julieu...

Jilueu: (Breve pausa) Ó Rometa...

Rometa: (Breve pausa) Ó Julieu...

Jilueu: (Breve pausa) Ó Rometa...

Rometa: (Breve pausa) Ó Julieu...

CENA II

(Amada entra em cena correndo, esbaforida.)

Amada: Julieu! Julieu! (gritando) Precisamos de sua ajuda!

Rometa: Quem tá precisando de ajuda aqui sou eu, esse cara não sai disso. (Desalentada) Vamos logo pro que interessa Julieu! (dando ordem)

Julieu: (Levanta e abre os braços) Que é isso Rometa? (Indignado) Mulher sem romantismo é fogo... (resignado)

Amada: Dá pra parar vocês dois? O negócio é sério! (Brava)

(Rometa desce da escada enquanto Julieu fala)

Julieu: Diga lá Amada... O quê a aflige?

Rometa: (Já ao lado de Julieu) Amada? Que história de amada é essa?

Amada: Relaxa Rometa... Amada é meu nome. Sou prima do Julieu. (Impaciente) O lance é que o Ali Babaca seqüestrou a Princesa Penélope

Julieu: E o quico?

Rometa: (Dá um tapa no braço de Julieu) Como assim e o quico? Quem é o herói por aqui? (Indignada)

(Julieu massageia o braço)

Amada: Pois é Julieu, você tem que salvar a Princesa!

Julieu: Tenho? (espantado)

Rometa: Julieu! (Brava e com as mãos na cintura)

Julieu: Ai meus ovos! Tá bom, tá bom... Bora lá... (sem muita vontade, sai de cena “se arrastando”)

(Amada e Rometa seguem Julieu)

Rometa: Esses homens...

Amada: Humpf! (Balança a cabeça – negação)

(Fecham-se as cortinas)

TERCEIRO ATO

(Abrem-se as cortinas e estão em cena Princesa Penélope no canto, “amarrada” com papel higiênico nos pulsos e nos tornozelos, e Ali Babaca, usando vestimenta característica árabe. Turbante inclusive.)

CENA I

Ali Babaca: (andando de um lado para outro com a mão no queixo) 500 mangos de resgate? Hmmm... Não! É pedir muito...

Princesa Penélope: Muito? Isso é merreca! Eu valho muito mais que isso!

Ali Babaca: Silêncio! (irritado) Milão! Vou pedir milão! (soca o ar)

Princesa Penélope: Pobre é uma desgraça mesmo...

Ali Babaca: Silêncio! Ô mulher chata...

CENA II

(Entram em cena Julieu, Rometa e Amada (nesta ordem). Ali Babaca de costas para os três.)

Julieu: (Com as mãos na cintura e peito inflado) Acabou a brincadeira Ali Babaca! Solte a Princesa! (com voz firme)

Amada: Pobre Princesa. (Com as mãos no rosto, espantada) Toda amarrada...

(Ali Babaca gira nos calcanhares e olha assustado para os três)

Ali Babaca: M-mas... (gaguejando) Como vocês acharam meu esconderijo?

Rometa: Ligamos pra 102... Idéia minha! (animada)

(Ali Babaca dá um tapa na testa)

Princesa Penélope: Além de pobre é burro! (balançando a cabeça em negação)

Julieu: (com voz firme) Muito bem Ali Babaca, você e seus 40 ladrões vão pra cadeia! (curioso – procurando com a cabeça) Por falar nisso, cadê eles?

Ali Babaca: Pois é... (frustrado) Se mandaram! Sabe como é, essa crise... O mercado de assaltos tava meio fraco... Pegaram todo o tesouro que havíamos roubado nos últimos anos e abriram uma lojinha na 25 de Março.

Julieu: Rapaz... Mas que coisa hein! (solidário) E nem te propuseram uma sociedade? Ou um emprego, sei lá...

Princesa Penélope: Ô Julieu! Qual é? Veio aqui pra quê afinal? (inconformada) Desce o cacete nesse mané logo!

(Julieu e Ali Babaca olham surpresos para a Princesa, ficam em posição de luta. Ambos giram em posição de luta durante alguns segundos. Aos gritos, se atracam agarrando um o pescoço do outro. A luta dura mais alguns segundos)

CENA III

(Entra em cena Severina, com vestimentas típicas nordestinas, peixeira na mão, pisando duro - Severina tem sotaque nordestino)

Severina: Vamos parando com essa algazarra!

(Todos olham para Severina. Julieu e Ali Babaca permanecem um com a mão no pescoço do outro. Ali Babaca faz cara de assustado)

Ali Babaca: Caiu a casa (Falando baixo, para Julieu)

Severina: Ô Ali! Que negócio é esse seqüestrar a princesa? Já não falei que não quero mais saber dessa história de bandidagem?

(Ali Babaca e Julieu se soltam. Ali Babaca caminha vagarosamente em direção à Severina em passos pequenos. Todos olham a cena)

Ali Babaca: Calma amorzinho... Não é nada disso que você está pensando... (com medo)

Severina: Já coloquei aqueles 40 vagabundos que ficavam nessa caverna pra correr que era pra você não ficar atentado a voltar pra essa vida ingrata e você me apronta uma dessa, Ali !?!? Será que vou ter que te dar uma surra com vara de marmelo, homem?

(Julieu, Rometa, Amada e Princesa Panélope riem)

Ali Babaca: Ô meu bem... Precisa não...

Severina: Passa pra casa! (incisiva) Lá a gente conversa direito. Vou pôr você na linha nem que seja na base da pancada.

(Ali Babaca sai de cena acompanhado de Severina, logo atrás)

CENA IV

(Julieu desamarra a Princesa que dá um empurrão em Julieu e corre para abraçar Amada)

Princesa Penélope: Se não fosse você eu estaria ferrada! (Alegre)

Julieu: Como assim? E o herói aqui?

(Amada e Princesa Penélope dão as mãos e saem de cena)

CENA V

Julieu: Meio esquisitinhas essas duas hein?!?

Rometa: Você ainda é o meu herói, Julieu! (caminha em direção a Julieu e o abraça)

Julieu: Ó rometa...

(Rometa solta julieu e agarra-se em seu braço)

Rometa: Pode para com esse negócio de "Ó..." Vamos pro rala e rola!

Julieu: É hoje! (empolgado)

(Caminham para fora do palco enquanto fecham-se as cortinas)

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