O panfleto dizia haver uma revelação estarrecedora a respeito de como era a vida na era humana. A palestrante estava 20 minutos atrasada, o que deixava a plateia ainda mais ansiosa. Muitos experimentavam essa sensação pela primeira vez.
Era um galpão antigo, contava com antigas poltronas que não se moldavam automaticamente ao corpo da pessoa sentada. Os 2 telões de 180 polegadas ainda eram de OLED e, por incrível que pareça, ainda usavam cabos, tanto para conexões de áudio e vídeo quanto para alimentação elétrica. Mas eles gostavam assim, criava o ambiente propício para se falar do passado.
Ouve-se então um ruído metálico quando a cabine de teletransporte é acionada. como os demais itens do galpão, era um máquina antiga, com mais de 80 anos, mas que havia sido recuperada e voltado a funcionar.
Depois de alguns estalos e rangidos, eis que surge a palestrante. Mirna Stewiskovich, uma albina de 23 anos que possuía antepassados russos.
O silêncio na platéia era sepulcral.
-- Um viva a vida! - Saudou
-- VIVA !!! - respondeu um unissono a platéia.
Mirna era uma grande estudiosa do passado e do modo de vida na chamada era humana. Por alguma falha na manipulação genética, desde 2432 muitas pessoas haviam nascido com sentimentos. A era humana havia sido encerrada em 2115, dando início à era da convivência. O governo da Terra, liderado pela República Socialista Democratizada da China, determinou que todos os bebês nascidos a partir de 1 de Janeiro de 2115 deveriam ter seus códigos genéticos manipulados para que não houvessem mais sentimentos e emoções no ser humano.
A cópula foi proibida. Todos os bebês deveriam ser gerados em úteros artificiais, por inseminação.
Apesar de em pleno ano 2514 milhares de pessoas terem nascido com alterações no DNA de modo que pudessem ter sentimentos, Mirna havia uma sobrecarga altíssima de emoções. Foi ela quem descobriu que o que sentia por seu colega de pesquisas tecnológicas era amor.
-- Desculpem-me pelo atraso - continuou Mirna - estava muito nervosa para essa palestra. Mas tenho revelações que provavelmente chocarão àqueles que conseguem sentir-se chocados.
Mirna discursou por aproximadamente 25 minutos, explicando que havia descoberto em suas pesquisas secretas sobre o passado que cerca de 500 anos atrás as pessoas conseguiam, assim como ela, sentir amor. Explicou o que era o amor, como era ter esse sentimento, para perplexidade da platéia
Por fim, Mirna fez sua revelação maior:
-- No passado, há cerca de 500 anos, as pessoas trocavam fluídos corporais - A platéia estava em choque (ou quase isso) - e essa troca de fluídos podia gerar um novo ser.
-- Você quer dizer uma nova pessoa? - Perguntou um jovem na platéia
-- Sim, uma nova pessoa, que era gerada durante nove meses na barriga do ser humano de sexo feminino e depois vinha ao mundo; nascia!
A confusão foi geral. Todos falam ao mesmo tempo. Alguns ficaram curiosos, outros espantados. Muitos choravam. Um caos!
Mirna pediu silêncio, pois não havia acabado.
-- Durante minhas pesquisas, encontrei um antigo dispositivo, chamado Disco Rígido. Basicamente era um dispositivo para armazenamento de informações. Após contar com a ajuda de diversos especialistas, conseguimos acessar as informações e o que encontramos é ímpar.
Nesse momento as telas foram ligadas e o que viu-se foi um documento. Todos pararam para ler o que continha este documento, reproduzido abaixo: