Parte I
O jogo estava para começar. Seu Azevedo encheu o potinho de amendoim, pegou uma cerveja na geladeira e foi para a sala. Ajeitou-se em sua poltrona de frente para a televisão, abriu a lata de cerveja fazendo aquele som característico, tomou um gole e abocanhou um punhado de amendoins.
O amistoso entre Brasil e Venezuela nunca foi um clássico, mas para seu Azevedo qualquer jogo envolvendo a seleção Brasileira é um clássico. Desde 58 não perde um só jogo do Brasil. Mesmo na época de Lazaroni seguia firme, assistindo aos jogos.
O jogo estava esquisito... A Venezuela era só ataque! A seleção canarinho não havia passado do meio-campo. Seu Azevedo foi ficando cada vez mais nervoso e, a cada passe errado do Brasil ou chute ao gol da Venezuela, parecia que ia ter um troço. Seu Azevedo estava muito tenso. Seu corpo estava rijo.
Finalmente o juiz aponta o centro do gramado e o primeiro tempo chega ao fim, no exato momento em que seu neto de 17 anos, Felipe, abria a porta do apartamento -- Desde que sua esposa falecera, sua filha, Marli, fez uma cópia da chave do apartamento e vinha visitá-lo frequentemente.
-- Fala aí vô, beleza? Tá vendo esse jogo mixuruca é?
-- Ô Netão!!! Você acredita que o Brasil tá tomando um sufoco? - Respondeu seu Azevedo.
Felipe aproximou-se da poltrona e, tocando o ombro direito de seu Azevedo, perguntou:
-- Tá dormindo vô ? Sou eu, Felipe... A mãe tá lá embaixo esperando. Ela quer que o senhor assista ao segundo tempo lá em casa e aproveite pra comer o salmãozinho que ela preparou.
-- Que dormindo o quê muleque, tá surdo? -- Disse seu Azevedo, tentando girar a cabeça em direção ao neto.
Mas para a surpesa de Seu Azevedo, seu corpo não reagiu ao comando do seu cérebro. Sua mão direita permanecia apertando a lata de cerveja vazia e a mão esquerda apertando com força o braço da poltrona. Sua cabeça permanecia virada em direção a televisão e nem mesmo seus olhos se moveram em direção ao neto.
Felipe, assustado, agachou-se em frente ao avô e, olhando diretamente nos olhos de seu Azevedo, perguntou se ele estava sentindo alguma coisa.
-- Vô, o senhor tá bem? o que aconteceu? Tô falando com o senhor, vô... RESPONDE!
Continua...
O jogo estava para começar. Seu Azevedo encheu o potinho de amendoim, pegou uma cerveja na geladeira e foi para a sala. Ajeitou-se em sua poltrona de frente para a televisão, abriu a lata de cerveja fazendo aquele som característico, tomou um gole e abocanhou um punhado de amendoins.
O amistoso entre Brasil e Venezuela nunca foi um clássico, mas para seu Azevedo qualquer jogo envolvendo a seleção Brasileira é um clássico. Desde 58 não perde um só jogo do Brasil. Mesmo na época de Lazaroni seguia firme, assistindo aos jogos.
O jogo estava esquisito... A Venezuela era só ataque! A seleção canarinho não havia passado do meio-campo. Seu Azevedo foi ficando cada vez mais nervoso e, a cada passe errado do Brasil ou chute ao gol da Venezuela, parecia que ia ter um troço. Seu Azevedo estava muito tenso. Seu corpo estava rijo.
Finalmente o juiz aponta o centro do gramado e o primeiro tempo chega ao fim, no exato momento em que seu neto de 17 anos, Felipe, abria a porta do apartamento -- Desde que sua esposa falecera, sua filha, Marli, fez uma cópia da chave do apartamento e vinha visitá-lo frequentemente.
-- Fala aí vô, beleza? Tá vendo esse jogo mixuruca é?
-- Ô Netão!!! Você acredita que o Brasil tá tomando um sufoco? - Respondeu seu Azevedo.
Felipe aproximou-se da poltrona e, tocando o ombro direito de seu Azevedo, perguntou:
-- Tá dormindo vô ? Sou eu, Felipe... A mãe tá lá embaixo esperando. Ela quer que o senhor assista ao segundo tempo lá em casa e aproveite pra comer o salmãozinho que ela preparou.
-- Que dormindo o quê muleque, tá surdo? -- Disse seu Azevedo, tentando girar a cabeça em direção ao neto.
Mas para a surpesa de Seu Azevedo, seu corpo não reagiu ao comando do seu cérebro. Sua mão direita permanecia apertando a lata de cerveja vazia e a mão esquerda apertando com força o braço da poltrona. Sua cabeça permanecia virada em direção a televisão e nem mesmo seus olhos se moveram em direção ao neto.
Felipe, assustado, agachou-se em frente ao avô e, olhando diretamente nos olhos de seu Azevedo, perguntou se ele estava sentindo alguma coisa.
-- Vô, o senhor tá bem? o que aconteceu? Tô falando com o senhor, vô... RESPONDE!
Continua...
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